Com a crise COVID-19 em curso, há uma série de questões essenciais que os líderes empresariais devem se atentar, bem como medidas que podem tomar para não só reagir a graves impactos que atingem a sociedade, mas também reformular os seus negócios e planos de recuperação.
Priorizar a segurança das pessoas e com isso o engajamento contínuo
O empregador deve garantir o bem-estar e a segurança de seus colaboradores, expondo de forma aberta e transparente suas preocupações. Dessa forma contribuirá para envolve-los e assegurar a continuidade dos negócios.
Por isso, o mais importante compromisso que a empresa tem de fazer é iniciar ou expandir acordos de trabalho, deixando-os mais flexíveis, permitindo que as pessoas trabalhem remotamente e com segurança.
Deve-se reorganizar as equipes redistribuindo recursos e estabelecer programas e políticas que imponham um ambiente de trabalho seguro. Para isso é necessário adequações com as políticas do governo e das autoridades de saúde. Esses acordos estão devidamente amparados pelo artigo 1º da Medida Provisória 927 que prevê: “durante o estado de calamidade pública a que se refere o art. 1º, o empregado e o empregador poderão celebrar acordo individual escrito, a fim de garantir a permanência do vínculo empregatício, que terá preponderância sobre os demais instrumentos normativos, legais e negociais, respeitados os limites estabelecidos na Constituição”.
Deve-se atentar que os acordos coletivos ou individuais apenas podem prevalecer sobre as leis quando mais benéficos do que estas e não violem disposições de ordem pública, a exemplo das relativas à saúde e segurança no trabalho.
Havendo a impossibilidade do trabalho remoto ou acordo de trabalho flexível, e que haja a ausência de contato direto com os clientes, as empresas devem implantar medidas de proteção contra infecções.
- Lavar as mãos frequentemente;
- Ao tossir ou espirrar utilizar o cotovelo dobrado, ou um lenço de papel que deve ser descartado imediatamente, lavando as mãos com água e sabão, ou um desinfetante a base de álcool.
- Manter distância mínima de 1 metro entre as pessoas;
- Evitar tocar olhos, nariz e boca.
Mesmo com todas essas medidas, haverá empresas que sofrerão desafios na força de trabalho. A escassez de mão-de-obra e o aumento dos custos devido às restrições de mobilidade que várias autoridades governamentais estaduais e locais impuseram, terão impacto nas empresas.
As empresas que enfrentam desafios únicos, não cobertos por políticas específicas já emitidas, devem procurar aconselhamento junto ao departamento jurídico, para a implementação de uma ação preventiva.
Comunicar com clareza seus colaboradores
Todos os atos praticados pela empresa, devem ser comunicados de forma clara e transparente a todos os colaboradores assegurando assim o suporte contínuo de clientes, funcionários, fornecedores, credores, investidores e autoridades reguladoras.
- Clientes: As empresas deverão manter os clientes informados sobre quaisquer impactos na entrega de produtos ou serviços. Se as obrigações contratuais não puderem ser cumpridas como resultado de ações que fogem a alçada da empresa, é importante manter linhas de comunicação abertas e ativas para revisar os prazos ou invocar cláusulas de “força maior”. Tal ação pró-ativa ajudará a reduzir danos punitivos ou responsabilidades associadas à mudança das obrigações do cliente.
- Empregados: Para os funcionários, os planos de comunicação devem encontrar o equilíbrio entre a cautela e a manutenção de uma mentalidade de negócios como a habitual. Esclarecer pontos e estratégias para a manutenção dos postos de trabalho.
- Fornecedores: As empresas precisam manter contato regular com os fornecedores quanto à sua capacidade de entregar bens e serviços durante a crise do COVID-19 e seus planos de recuperação, para que a empresa possa considerar opções alternativas de cadeia de fornecimento em tempo hábil.
- Credores e investidores: As empresas vão querer rever os termos e condições dos contratos de empréstimo para identificar dívidas sensíveis e evitar violações de dívidas técnicas vitais. Estas revisões terão o benefício adicional de dar às empresas uma oportunidade de gerir proativamente o diálogo e as comunicações com os credores relativamente a quaisquer alterações necessárias aos termos existentes ou aos acordos de refinanciamento.
- Governo e reguladores: Ao comunicarem com as partes interessadas relevantes, as empresas vão querer consultar as suas equipes jurídicas para aconselhamento sobre potenciais responsabilidades e com as suas unidades de negócio sobre como gerir as comunicações em torno de violações em curso e recolha de provas, se as houver.
Plano de recuperação agora, não mais tarde
A crise do COVID-19 foi impossível de prever com sabedoria convencional e ferramentas de previsão. Contudo, há muitas lições que as empresas podem aprender e levar adiante uma vez passada a crise e tiveram a oportunidade de analisar a sua resposta.
Entretanto, as empresas deveriam estar tomando decisões e ações durante a crise, tendo em mente a recuperação. Quando a crise terminar, ficará claro quais as empresas que têm a resiliência e agilidade necessárias para reformular a sua estratégia de negócios para prosperar no futuro.
As empresas devem reavaliar a solidez da sua gestão empresarial face à crise, analisando opções preventivas contra futuras mudanças.